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Poesia de Cora Coralina
enviado por D' Alencar.
 

O Cântico da Terra


 

       Eu sou a terra, eu sou a vida.
         Do meu barro primeiro veio o homem.
         De mim veio a mulher e veio o amor.
         Veio a árvore, veio a fonte.
         Vem o fruto e vem a flor.
 
 
         Eu sou a fonte original de toda vida.
         Sou o chão que se prende à tua casa.
         Sou a telha da coberta de teu lar.
         A mina constante de teu poço.
         Sou a espiga generosa de teu gado
         e certeza tranqüila ao teu esforço.
         Sou a razão de tua vida.
         De mim vieste pela mão do Criador,
         e a mim tu voltarás no fim da lida.
         Só em mim acharás descanso e Paz.
 
 
         Eu sou a grande Mãe Universal.
         Tua filha, tua noiva e desposada.
         A mulher e o ventre que fecundas.
         Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
 
 
         A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
         Teu arado, tua foice, teu machado.
         O berço pequenino de teu filho.
         O algodão de tua veste
         e o pão de tua casa.
 
 
         E um dia bem distante
         a mim tu voltarás.
         E no canteiro materno de meu seio
         tranqüilo dormirás.
 
         Plantemos a roça.
         Lavremos a gleba.
         Cuidemos do ninho,
         do gado e da tulha.
         Fartura teremos
         e donos de sítio
         felizes seremos.


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