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..... CRÔNICA - 63º ANIVERSÁRIO.....


São seis décadas e três anos: muitas experiências de vida, vastos
cabelos prateados, muitas vicissitudes, muita quilometragem pelas estradas do Brasil, bastante horas de vôo não registradas, mas lembradas;

muitas milhas náuticas no Rosa da Fonseca e em algumas canoas pelo Rio Negro e seus igarapés, uma única ida a Manacapuru de “ferry boat” com carro a bordo, hectolitros de cerveja e whisky e muitos decasteres de lenha nos churrascos dos pagos do sul, nordeste e norte do país;

muito papo jogado fora nas conversas noite a dentro durante anos seguidos, muitos capítulos escritos e milhares lidos sobre as idéias inteligentes que os escritores nos passam na nossa formação escolar e acadêmica;

milhares de toques de corneta e de clarim nas alvoradas, rancho, formaturas e silêncio;

exórdios e mais exórdios; longas noites de gagá na EPF e AMAN, sob frio intenso ou calor infernal de verão resendense; uma vasta quilometragem de marchas, desfiles e formaturas de rotina;  foram muitas as escaladas à beira do Rio Paraiba para chegar ao Centro Cultural e Recreativo de Resende; muitas idas à periferia do pecado na Rua Barão do Rio Branco – qualquer número, altos; outras idas à Boate Bossa Nova na Rodovia Rio-São Paulo, na altura de Itatiaia;

outras tantas na Avenida Mem de Sá, qualquer número, na Lapa – Rio;  pelos sobrados da boêmia da Rua do Rangel e Ponte Velha no Recife...  Foram também anos jogando voleibol desde o Colégio Salesiano Domingos Sávio, no time “Os Fuleiros” até quando major na CRO/10, com o meu facão de pegar cortes aloprados dos atletas do outro lado. Foram muitas horas acordado tirando plantão, cabo de dia, sargento de dia à 2ª Companhia de Alunos da EsPF.

Gastei cunhetes e cunhetes de vários tipos de munição na minha carreira militar. Passei incólume, disciplinado e disciplinador, ganhei três medalhas de Mérito Militar pelos longos 30 anos sem punição, só elogios, no Exército. Aliás, as medalhas já as ganhava no Colégio Nóbrega: estão todas guardadas.

Talvez desse para iluminar meus caminhos, os flashes dos “instantâneos” fotográficos batidos ao longo da vida. Foram também horas e horas de orações e agradecimentos a Deus pela saúde tida e mantida, com alguns espirros e poucos graus de febre, pouquíssimas horas anestesiado, mas muitos dias com perna engessada nos tempos de cadete. Corri muitas e muitas vezes o circuito de 5.000 metros da Fazenda Santa Maria, na AMAN, sempre às segundas-feiras, dia de muita ressaca para cadetes farristas!

Nas minhas quilometragens e milhas aéreas ou náuticas, conheci Manaus (Aspirante), Belém, São Luiz, Teresina indo até Sampaio Correia e Parnaiba, Camocim, Monsenhor Tabosa, Sobral, Natal, João Pessoa (John Person), Campina Grande, Patos, Pombal e Cajazeiras; Caruaru, Garanhuns, Petrolina e Salgueiro; Maceió e Paripueira; Aracaju e praias; Salvador – sempre com o rumo perdido pela confusão que eu fazia com o mar aberto e a Baia de Todos os Santos; Feira de Santana, Porto Seguro e o Monte Pascoal; Vitória; Campos, Niterói e Rio de Janeiro; Resende, Barra Mansa e Volta Redonda; Campinas e São Paulo, Santos e Guarujá; Curitiba e Laranjal, Foz de Iguaçu e Assunção, no Paraguai; Córdova e Buenos Aires, na Argentina; Porto Alegre e Santa Cruz do Sul; Brasília e Cristalina; Belo Horizonte e Bom Jesús da Lapa; Recife, Olinda e todas as praias ao sul do litoral pernambucano. 

Foram horas e horas fechando as poligonais da topografia acadêmica, sobe o Carrapicho, desce o Acari, atinge as Prateleiras nas Agulhas Negras, toma banho nas cachoeiras Maromba e Véu de Noiva, acompanha  os cursos do Alambari e Alambarizinho, mergulha no Rio Negro, aprecia o Encontro das Águas entre o Solimões e o Negro... “Vê bem, Maria, aqui se cruzam: este é o Rio Negro, aquele o Solimões... Vê bem como este contra aquele investe, como as saudades com as recordações” (Encontro das Águas, de Quintino Cunha).

Mas, o melhor está por vir. O meu amor e as minhas provas de amor pela Thelma, que eu conheci menina com bem menos de quinze anos, a 22 de fevereiro de 1955, no Maguary Esporte Clube, numa festa carnavalesca infanto-juvenil. Namoramos, noivamos e casamos no intervalo de pouco anos: exatos 8 anos, 9 meses e 25 dias. As famílias Ramos e Gadelha possuem numerosos membros. Alfredo e Amélia eram os pais de minha sogra Maria Angélica Ramos Gadelha; dona Isabel (Belinha) era a mãe do seu Francisco Tavares Gadelha (Cota), pai da Thelma. Seu Cota morreu depois do meu noivado e antes do nosso casamento: não viu os netos.

Nosso casamento religioso com efeitos civis, foi celebrado pelo então Padre André Viana Camurça, na Igreja de São Bernardo, numa bela manhã de domingo, dia 17 de novembro de 1963. Nossa lua de mel foi num sítio em Mondubim, com direito a piscina e a empregada Rosa, a bordo. Os meus padrinhos foram os meus irmãos; os padrinhos da Thelma foram Rosa e Tarcísio Guy Silveira. As damas de companhia foram a Ludia, filha do Raimundo Ramos e Terezinha Pinheiro Ramos, ele tio da Thelma; e, a Ana Cristina, filha do Humberto Carioca e Almeri, ele primo da Thelma. A recepção foi na Rua Juvenal Galeno, 146, endereço da noiva no Otávio Bonfim, pois não havia os buffets, como existem hoje. Tomamos champanha George Aubert e fomos fotografados à beça. Não passamos sob o cruzamento de espadas, pois eu não sabia quais eram os meus colegas que serviam em Fortaleza.  Já vamos com 37 anos, 10 meses e 8 dias de casados, hoje.

Este foi o início de nossa vida conjugal, com dois filhos e uma nora: Cláudio Henrique, nascido em Manaus, a 23 de outubro de 1963, casado em 14 de novembro de 1997 com Larissa Soares; e, meu segundo filho Carlos Eduardo, nascido em Fortaleza, a 18 de julho de 1969.

Sou filho de Deus e por ele abençoado, pai de uma bela família, pequena porém decente, e tenho muito o que fazer: já plantei árvores, tive filhos e escrevi um livro ainda não publicado.

Está tudo muito bom.
Fortaleza, 12:09 H de 25 de setembro de 2001.
João Bosco Camurça

Caixa de texto:

Camurça, companheiro da Turma Duque de Caxias, tem colaborado desde o início dos preparativos da Reunião dos 40 anos de Formatura, para que a cada dia se estreitem mais e mais os laços de amizade entre os componentes da Tuducax.
Esta crônica é sua mais recente contribuição.

 

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