A SAGA DE UM ASPIRANTE DA
AMAN NO RIO GRANDE DO SUL

 


Corria o ano de 1962. O Aspirante desembarcou cedo no Aeroporto Salgado Filho em POA – RS. Tomou um táxi e foi direto para a Estação Ferroviária. Lá falou com o Chefe, com o “voucher” recebido do Serviço de Embarque no Rio de Janeiro, pagou a passagem e foi se instalar à janela de um vagão ainda vazio. Ocupou o assento bem colado à janela... 
Tudo pronto... só falta o trem partir: ele estava pronto. A paisagem era o que interessava: cavalos, gaúchos, montarias, o trem ia avançando interior a dentro. E o Aspirante se deliciando... Quatro ou cinco estações adiante, o trem parou. Os passageiros, uns desceram, outros subiram. 
Entre os passageiros, uma velhinha conduzindo um travesseiro e pequena maleta. Ela chegou para o militar e lhe pediu para sentar à janela “...pois era asmática”. O Aspirante disse não; e justificou: queria sentir o que era a campanha, os cavalos e os gaúchos montados, lançando aqui e ali o seu laço de aprisionamento. Não houve argumento de velhinha que justificasse a cessão do lugar pelo Aspirante.... 
E, assim ficou: o Aspirante imóvel, sem pestanejar, sem ceder o seu lugar à velhinha, e a velhinha, lamentando, mas alisando seu “travesseirinho” de penas de ganso!!! 
Antes de desembarcar, a velhinha olhou com tanta benevolência para o Aspirante que a recusa deve ter deixado nosso amigo estremecido, arrependido, qualquer sentimento semelhante...! 
Ao fim e ao cabo, a velhinha deu um passo em direção ao Aspirante e lhe deu o “travesseirinho” de penas de ganso. Deu meia volta e foi na direção da porta de saída e escada... foi embora, deixou a lição. 


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NOTA DO AUTOR: este episódio me foi relatado numa roda de amigos, numa noite muito animada no Clube de Regatas Barra do Ceará pelo próprio autor, e eu ganhei uma boa historinha, leve e engraçada, que divido com toda a Turma Duque de Caxias. 


João Bosco Camurça
Escritor memorialista membro da
TURMA  DUQUE  DE  CAXIAS
AMAN 62