aman 62

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Resende, Paquera e Pç. Oliveira Botelho

 

O Dia da Infantaria, 24 de maio, dia do nascimento do seu Patrono, Brigadeiro Antônio de Sampaio, normalmente, é comemorado em todas as Unidades de Infantaria, de norte ao sul do País, com alvorada festiva, Canção da Arma, formatura, desfile, exposição de armamento, churrasco, por vezes, regado à cerveja, culminando com alguma festa dançante. Um festão.

Na AMAN, não era diferente, ainda mais que havia outras Armas e Serviços, e todas precisavam ter seu dia comemorado.
Em cada data importante, o Corpo de Cadetes homenageava o Patrono aniversariante com uma formatura no Pátio Tenente Moura (PTM), onde um Cadete, previamente escolhido, lia a Ordem do Dia, escrita por ele, a tropa toda cantava a Canção da Arma ou Serviço e depois desfilava em continência ao busto ou retrato do Patrono homenageado.
  
Naquele ano de 62, além da formatura matinal, realizou-se um jogo de futebol entre Oficiais e Cadetes, que terminou 0x0. No Campo de Parada, situado à frente do prédio do Conjunto Principal da Academia, uma demonstração arrojada de infantes pára-quedistas do Núcleo da Divisão Aero -Terrestre, empolgou todos os assistentes pela perícia e técnica elevadas.

Depois do almoço festivo e de confraternização e de uma visita às dependências do Curso, todos acorreram, em seguida, para o Cinema Acadêmico, a fim de assistir um Show teatral, com a participação dos próprios Cadetes infantes, devido ao sucesso do ano anterior.
 
Para o Show da Infantaria foi distribuído um documento, como se fosse uma programação normal de aula ou uma Nota de Instrução.
Outros entretenimentos do último ano Houve outros momentos descontraídos como esse, como, por exemplo, o show da vedete do Brasil, Virgínia Lane, que, com suas lindas pernas, deixou os cadetes em delírio.

O teatro de Revista era um entretenimento muito comum naquela época e é claro, para maiores de idade, mas a apresentação na escola militar era uma coisa inédita.

Outros espetáculos teatrais: "Esta Noite Choveu Prata" com o inesquecível Procópio Ferreira; "Feliz Assassinato" e "Período de Ajustamento", com André Villon, outra fera e "As Loucuras de mamãe" com Laura Suarez. O cinema servia também de auditório e podia receber 1207 pessoas.

Atualmente, com as novas instalações, que, praticamente, dobra a capacidade da Academia , o Cinema Acadêmico permite ocupação de cerca de 4.000 lugares.

Aliás, o cinema era a grande distração do Cadete e da Família Acadêmica, pois havia sessões às terças, quintas, sábados e domingos às 20:30h e ainda a matinê no domingo, às 10:00h, sendo que os filmes eram de primeira linha.

Só para se ter uma idéia de alguns filmes do mês de março de 1960: "A Caçada Humana"; "Stefanie"; "Sissi e seu destino"; "O Grande Ditador"; "O General do Diabo"; "O mercador de Almas"; "Clube de Mulheres"; "O mar é nosso túmulo"; "Só ficou a saudade"; "Tormenta no Paraíso"; "Terror no Mar", etc.

 

Voltando ao dia da Infantaria: O baile e a Namorada
Mas, voltando ao Dia da Infantaria, após o teatro, à noite, foi realizado um baile no refeitório dos Cadetes, com o fim de confraternizar todos os Cadetes e seus convidados.

Foi nessa noite que Tavares arrumou uma namorada. Ela era amiga e vizinha de seu companheiro Cadete, chamado Aldo, e foi ele quem a havia apresentado a Tavares, durante as férias anteriores, num passeio que fizeram à Ilha de Paquetá, uma ilha aprazível situada no fundo da Baía de Guanabara.
Um passeio muito lindo e que deixa sempre boas recordações.

Vai-se de barco até lá, em uma hora e meia, e, assim, pode-se apreciar toda a paisagem que a Baía desfruta.

Na ilha, anda-se a cavalo, charrete e bicicleta, tudo à base do aluguel, além, é claro, do banho de mar e do sol, estes de graça.
Normalmente, as famílias ou os grupos de amigos levam um farnel para o almoço, ou então, gasta-se um pouco mais, comparecendo a um dos restaurantes ou bares da ilha.
 
Pode-se dar a volta na ilha, pois há uma estrada que contorna seu litoral e, assim, aprecia-se melhor o lugar. Há muitos casarões do tempo do Império, dando a impressão de que o tempo não trouxe nenhuma diferença para os dias atuais. Os únicos carros existentes são a ambulância, o da polícia e o do lixo. Todas as suas praias têm nome, e uma delas é a da Moreninha, famosa pelo romance de Manuel A. de Almeida.

E foi, então, nesse passeio, que Tavares conheceu aquela que seria sua esposa e, naquelas horas agradáveis de lazer, trocaram muitos olhares e algumas palavras sussurradas, inibidas pela turma que os acompanhava. Não mais do que isso. Já no Baile da Infantaria foi diferente. Praticamente, os dois não pararam de dançar e as palavras que trocaram junto aos ouvidos foram, talvez, juras de um amor futuro.

Só sei que, na despedida, ficaram de se reencontrar no primeiro final de semana que houvesse licenciamento e Tavares fosse para o Rio. Mesmo morando longe dela, ele ficou aguardando, ansiosamente, este momento de revê-la.