aman 62

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conservatória


Conservatória e as sutilezas do dedilhar das cordas da alma

ou

“Programa para Tuducax nenhum botar defeito”


texto: Hiram Câmara
Fotos e edição nas fotos: Carlos Xavier Filho


Se alguém quisesse começar as lembranças daquele fim de semana de forma óbvia, certamente haveria de dizer que, desde então, nossos corações compreenderam o nome de Conservatória que a cidade musical recebeu.
Mas segundo a história de lá, antes mesmo de chegar o primeiro violão, e os acordes eram os do apito do trem em “piuiiii maior” e o mugido da vaca em “muuu bemol”, a vila já ostentava o nome magistral de Conservatória. Então, fiquemos fora desta questão, e tomemos a idéia de um dos músicos que disse sempre pensar na cidade como uma pauta e que as ruas - as três: a que sobe, a que desce e a que liga uma à outra - são as linhas e os espaços e as pessoas são as notas. A cidade, para ele era a síntese da Música. E a Música, a síntese da Vida.
Creio que para nós, Conservatória foi, por três para quatro dias, uma sinfonia de vida.


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Não é nem próprio ficar levantando, ponto a ponto, porque o Rocha teve razão: foram tantas e em compasso tão ativo, que seria como se, após ouvirmos o Brasileirinho, ficássemos depois a elogiar, nota por nota, compasso por compasso. Também não seria próprio, talvez, destacarmos qual o músico ou cantante fez o melhor som. Ou qual a melhor comida. Ou qual a melhor música presa à porta, idéia genial da Pousada , em sua sofisticação simples e de bom gosto.

Mas por falar nesta idéia, contam que uma loura (ah, essa maldade com as louras!) quis saber qual era essa tal de “música da porta de seu quarto”, pois não conseguira, ainda, saber o nome da que seria a do quarto dela. E, por outro lado, todas as outras amigas já sabiam. Uma alma bondosa, também loura, ensinou-lhe que bastava ler no quadrinho pendurado à porta, pelo lado de fora. Horas depois, ela foi reclamar com o fantástico dono da pousada, Ele a acompanhou até à porta. E ela explicou. O senhor vê se tem jeito uma coisa dessas: está aqui escrito: Música do Apartamento 204: "Atrás da Porta". "Agora veja bem o senhor, por favor. Há duas horas eu procuro. Vê se atrás da porta há alguma música."! Maldade pura.

Mas o melhor veio depois, quando ela contou para a vizinha, também loura, o que acontecera. E, então a segunda loura explicou tudo para a primeira, que enfim entendeu. E então, comentou, cúmplice: você é loura que nem eu. E eles ainda dizem que nós somos burras! E a outra respondeu. "Loura, um... eu pinto o cabelo!" Mas maldade. Mas voltando: se não é próprio apreciar a música nota a nota, é possível em nosso caso, pensar em quem nos proporcionou esse programaço!

Romeu escreveu uma mensagem, como também o fez o Lemgruber sobre o fantástico fim de semana. Assim como as anotações do Rochinha. É um contraponto musical completo: a do Romeu fala das apreensões dele e de Rita, temerosos do resultado. Coisas assim como: se gostaríamos da pousada, da comida, da cidade, dos programas. O Golias, aquele comediante de nossa infância e da adolescência do Velho Rocha, diria para o Romeu: - "CÁSPITE!!!” As preocupações se diluíram como a bruma que cai no inverno de Conservatória e some perto do meio dia, hora de cantor levantar. À medida que nasciam, sinceras, verdadeiras, as manifestações de plena satisfação de cada um, Romeu ia se desanuviando no espírito. Quando percebeu que todos estavam encantados com cada um dos músicos e intérpretes que se apresentavam, Romeu começou a aproveitar o momento  conosco.


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O casal foi perfeito. Anfitriões excelentes que tudo planejaram, organizaram, prepararam, acompanharam e constataram o êxito de sua hospitalidade e do carinho do casal, ao receberem em seu "bunker" musical. Todos os que expressaram a mesma frase têm razão: foi o melhor Encontro.

E que teve um ponto culminante, entre tantos magnos. Foi inesquecível. Imaginemos Las Vegas. Pensemos, então, no Sands, onde um cartaz anuncia: "Tonite” (escrito assim mesmo): "The old blue eys”. O público ansioso. Entra o cantor ao palco, ovacionado. Silêncio no enorme auditório. A orquestra entra. E a Voz entra, com seu estilo pessoal, um pouco anasalado ao fim da frase melódica e enquanto avança nas
notas, já há gente chorando enquanto a Voz quase solta, em seu estilo, ensina ao público respeitoso, como viver ao seu jeito - "My Way", e num repente, o público se dá conta de que está em uma pousada e não em Las Vegas, e que quem canta não é Frank Sinatra, mas o nosso estimadíssimo mestre Marçal, acompanhado por um emocionado e originalíssimo bandolim! A nota final fecha a música e o enorme-pequeno público daquela pousada - Las Vegas está de pé, em um aplauso caloroso, que como tudo o que ocorre em Conservatória, brota da alma e do coração. Frank Marçal tirou a turma do sério! Havia lágrimas furtivas pelos cantos de alguns olhos. E passou pela cabeça de muitos: Foi a melhor interpretação de nosso mestre da AMAN,
superou-se, foi acima do que podia, compreendeu o momento da homenagem que um grande profissional do bandolim lhe fazia.

Foi inesquecível. E graças a Deus, essas emoções fortes aconteciam, dosadas por programas “light”, que embromavam as arritmias possíveis. Porque o Centímetro, uma grande sacada, com a redução do Metro Tijuca, fazia lembrar romances de início de "carreira", alguns vividos com as mesmas "namoradas" de hoje. Ou a ida à Fazenda, que encerrou o passeio, muito aconselhado por nós para qualquer pessoa. Foi tudo espetacular. E para coroar, lá estava o avô do Pádua. E “taí”na foto para não deixar mentir. Romeu, Rita, Marçal, avô do Pádua, foram os magnos. Além dos músicos. Foi um grande passeio.


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Fica a idéia de retornar no próximo ano. E, aí, sai de baixo! O Mota Mendes vai ensinar como se toca violão!"