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Fernando da Graça Lemos


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FERNANDO DA GRAÇA LEMOS


Estamos no ano de 1960, mês de outubro. Os futuros TUDUCAX estão no Curso Básico e, após uma marcha noturna, chegarão todos aos Campos de Membeca. Trata-se de um Exercício de Defensiva. Era o quarto dia de atividades e estávamos cansados, quando o problema se deu de madrugada. Estava eu de sentinela da hora, de pé, parado ou andando, e, ali à minha frente, um espaldão de Madsen com diversos companheiros em posição. Fernando da Graça Lemos e Eduardo Yazeji de atirador e auxiliar, outros de municiador e auxiliar. Em posição tínhamos ainda Carlos Eduardo Jansen, Mário Luiz Monteiro Muzzi e Fernando Marinho. Todos quietos e aguardando. Aguardando o quê? O desenrolar do exercício. Era de madrugada, não havia lua, só as estrelas piscavam na abóbada celestial. De repente, vozes em surdina. Alertei o pessoal. Silêncio. Logo, logo, uma granada ofensiva é lançada em nossa direção. Ela vem chiando, soltando faíscas, quicando no solo duro. Explode. Gritos... Eu, de sentinela, sabia que não haveria enfrentamento... E agora, aquela granada, só um louco faria aquilo. Parti para cima do vulto, agarrei pelas bitacas sacudi o indivíduo: era um frango, o C.de Baca – Tenente Ney Sales, também chamado de Pinto Molhado – seu uniforme era mais escuro que o brim normalmente usado. Quase que lhe dou umas pancadas. “Olha aí o que foi feito!”. Gritei bem alto. “Calma, cadete, vamos ver o que aconteceu! Alguém está ferido?” Em seu relato, Fernando Lemos diz: ! Eu estava deitado, era hora de descanso. O Muzzi me acordou, dizendo: “Lemos, vem gente aí”. Naquele momento, eu sentei com as mãos atrás, sustentando o corpo. A granada explodiu. A mão ficou dormente. Pensei que tinha perdido a mão, e gritei: Cara, perdi a minha mão !” O Câmara Senna, que estava na figuração inimiga, veio correndo, me pegou e fomos aos trancos e barrancos para um jipe. No trajeto, fui desmaiando, pois perdera muito sangue!”  O Exercício foi suspenso e os feridos foram levados ao Hospital Escolar da AMAN.           ******************************* Quando soube do óbito do Lemos, este episódio me veio logo à mente. Lamentei muito seu passamento. À Srª Sônia e família, os nossos sentidos pêsames. Dai-lhe o descanso eterno, Senhor, e da luz perpétua, o resplendor. Descanse em paz! Amém!     

Camurça e Ana Celsa.